A transição entre o sistema analógico e o digital

A história de cada um de nós esta solidamente enraizada nas histórias de nossos colegas. Este fato ocorreu comigo desde o ano 1986 quando iniciei a trabalhar na Secretaria de Planejamento (SEPLAN), como Técnico em Planejamento, nível A, em estágio probatório, atuando no Departamento de Avaliação do Desempenho das Estatais.

João Francisco Largher Costa,
Analista de Planejamento e Gestão
1985 a 2008,
Economista, Administrador,
Especialista em Gestão de Serviço,
Mestre em Administração Financeira

Acompanhei dois outros técnicos, o Sérgio Carvalho, que havia entrado no concurso anterior e o Paulo Nardi que entrou no mesmo concurso que eu. Tínhamos mais sete colegas que não eram do quadro da secretaria, alguns vindos do BADESUL os demais da Fazenda e éramos dirigidos pelo Milton Hausmann, secundado pelo Sergio Carvalho. Realizamos as tarefas de acompanhamento das estatais, todo o processamento era executado de forma analógica.  Nesta época, não dispúnhamos de computadores, a própria metodologia de execução era embrionária, não havia procedimentos consolidados, muito menos padronização nas análises e relatórios apresentados, apenas seguíamos os procedimentos de análise financeira. Tínhamos discussões profundas sobre a forma de realizarmos este acompanhamento, já que não existiam referências para esta atividade. Em grande parte, porque as diversas etapas de análise seguiam parâmetros estanques e eram realizadas por técnicos diferentes.

Quando o Sérgio Carvalho assumiu como Diretor substituto, passamos a ter a exigência de uma visão mais integrada. O Sérgio tomou a iniciativa de contatar a SEPLAN/PR para ver da possibilidade de importarmos o Know-how que dispunham. Desta forma trouxemos para o RS a metodologia do ADE (Avaliação de Desempenho) a qual tinha sido desenvolvida na Embratel e adaptada para gestão das empresas estatais do Governo Federal. Utilizamos esta metodologia com evolução e melhorias até o ano de 2007.

É importante frisar que de 1986 até 1991, o ADE passou de um processo de execução manual para a implementação em Excel, os documentos recebidos passaram a serem armazenados em discos magnéticos, a estrutura passou a contar com análise de produtividade além da financeira e o recebimento de dados por via magnética.

Todas as informações passaram a serem sistematizadas e de análises segmentadas passamos a realizar análises por entidade com apenas um técnico responsável por empresa.

O período de 1991 a 1995, nos encontrou em intenso processo de retorno do Orçamento da Fazenda para o Planejamento. Neste período fui enviado para a Coordenadoria de Planejamento de Curto Prazo, com a finalidade de ajudar no processo. Tínhamos de reavivar o processo de programação na Secretaria. Um período muito agitado, a entrada dos microcomputadores, a instalação da primeira rede de microcomputadores, envio, recebimento e processamento de arquivos em meio magnético. Neste período tivemos a oportunidade de auxiliar a implantar e modernizar processo de levantamento de necessidades da população através da coleta de pedidos dos cidadãos diretamente ao Estado. Esta tarefa foi implementada através de sistema desenvolvido pela PROCERGS, disseminada, melhorada e mantida pela coordenadoria. Uma pena que embora tivéssemos o conhecimento de como fazer, o estado da arte nas comunicações não nos dava as ferramentas para tal. Julgo, até hoje, que esta é a melhor forma de acesso do cidadão ao estado, direta, rápida, simples e de forma consistente.

Durante o período 1995 a 1999, retornando ao DADE participei do processo de venda das estatais. Tivemos a oportunidade de auxiliar na redução, em parte, dos riscos deste tipo de ação.

Já no período 1999 a 2003, ocorreu o processo de migração de dados processados em planilhas Excel para banco de dados. Um verdadeiro sistema instalado em rede, usando computador de grande porte e redes de microcomputadores. Tinha se como objetivo aumentar a velocidade de alimentação, disponibilizar os resultados para os usuários e tornar acessível a leigos o processo de análise. Esta evolução foi o sistema AGE. Englobava todo o aprendizado existente com a gestão de conglomerados, o monitoramento dos efeitos da ação das empresas sobre a sociedade, permitindo que os dados das empresas, regulados pela lei das AS, pudessem ser utilizados e vistos sobre a forma da legislação da administração direta, bem como a sua integração com o PPA e o Orçamento. A evolução foi ampla, pois utilizava técnicas do BSC, associadas a análise de dados e a pesquisas de satisfação junto aos cidadãos.

Entre 2003 e 2007, a evolução do sistema exigiu que fosse acelerado o processo de educação do restante da estrutura do estado. Neste período tivemos a implantação dos consultores internos os quais atuavam junto as secretarias com o fim de fazerem o link das novas metodologias. Isto me trouxe a atuar junto as secretarias, para a realização dos projetos definidos pela Programação e visando o Retorno do Orçamento para o Planejamento, o que ocorreu neste período. No final de 2007 o sistema AGE foi descontinuado e substituído pelo MAG (Monitoramento das Ações de Governo), em razão da superposição de parte de suas ações.

Já agora tínhamos tecnologia para implementar os processos de pleitos, o que poderia ter trazido ao Estado a vantagem de ter uma plataforma de votação online imediata, entretanto isto nunca ocorreu.

O período 2003 a 2007, trouxe-me de volta ao acompanhamento dos projetos, dando a oportunidade de auxiliar na preparação da justificativa físico/financeira do Projeto Rio Santa Maria, o que me levou durante algum tempo a auxiliar no desenvolvimento e criação da Secretaria de Irrigação. Como corolário durante um breve período fui cedido a Comissão de Controle Finanças da Assembleia Legislativa.

O posterior retorno ao Planejamento levou a desenvolver estudo sobre a implementação de um Comitê de Governança Corporativa para as entidades estatais. A tarefa foi executada e tive o prazer de ver pontos de vista que defendia serem aceitos no Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC. Neste mesmo período, apresentei palestra no Seminário Nacional de Gestão de Projetos do PMI/RS sob o título – A Arte do Possível e o Gerenciamento de Programas para Resultados.

Como Técnico em Planejamento, hoje Analista de Planejamento e Gestão, tenho consciência de que fizemos o possível para protegermos o cidadão e suas decisões, sobre a forma de suas necessidades serem atendidas, nestas mais de duas décadas de transição do analógico para o digital.

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